25/08/2016

A ti, Mãe

A ti que não vais ao cinema ver um filme para maiores de 18 anos, desde o tempo em que não sabias o que era um esterilizador de biberões.

A ti que já nem sabes qual é o canal da séries - na verdade já nem sabes que séries ainda dão - pois a tua televisão está praticamente limitada ao Disney Chanel, Nickelodeon, Panda e Cartoon Network.

A ti que ouves os escárnios da tua sogra sobre a alimentação que dás ao teu filho, e aguentas estoicamente sem sequer lhe revirar os olhos.

A ti que ficas 3 horas à seca numa festa infantil, a ensurdecer com os gritos histéricos das criancinhas, a estremecer a cada estoiro de balão e a gramar conversas e suspiros de mães que quase desfalecem a cada salto do filho no insuflável.

A ti que não sabes o que é dormir até mais tarde, que esgotaste o teu repertório de truques para fazer o teu filho acordar a horas nos dias de escola, mas que te vês acordada pela pequena criatura às 7h de sábado para ir ver bonecos animados na televisão.

A ti que conheces todos os MacDonalds do teu concelho e arredores, e que achas que as Docas ainda são o sítio mais badalado da noite.

A ti que já não tens desculpas para justificar os consecutivos atrasos ao trabalho de manhã porque o miúdo não quer ficar na escola, as saídas mais cedo para a consulta de desenvolvimento dos 2 anos e 3 meses, e a hora de almoço mais demorada para ires ao El Corte Inglés procurar aquela mochila que a tua filha quer tanto e que não há em mais lado nenhum.

A ti que ignoras que as calças de cintura descaída já estão fora de moda mas que sabes onde encontrar ténis com rodinhas e luzes psicadélicas, e já conheces todos os bonecos dos Invizimals.

A ti que não tens tempo para ir ao ginásio, mas que ao final de uma hora a tomar conta dos teus filhos estás mais cansada do que uma manhã de treino intensivo.

A ti, Mãe que passas por tudo isto e mais um par de botas, um apertado abraço aqui desta tua homónima solidária que te vê e te compreende.

N.


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