10/12/2015

Carta ao meu filho

Hoje fazes 6 anos. Seis anos.
Não sei como é que isto aconteceu, ainda no outro dia te estava a sonhar, imaginando como serias, e de repente já caminhas à minha frente, sem me querer dar a mão.
Sinto que foi ontem que te acariciava na minha barriga, pensado se terias os olhos do azul índico onde foste concebido ou se seriam castanhos como os meus. Torcia para que nascesses com a paixão do teu pai pelo mar, para o acompanhares, e o meu amor pelos animais, para que eu me pudesse orgulhar.

Num instante, já estavas cá fora e eras um bebé carequinha, lindo como aqueles de revista, e eu babava-me de cada vez que olhava para ti. Não me cansava de te contemplar e de sorrir para cada uma das tuas gracinhas, uma nova e deliciosa conquista a cada dia.
Dei graças a Deus por cada etapa ultrapassada, sem cólicas, bronquiolites, escarlatinas nem piolhos. Acima de tudo, agradeci cada dia livre dos prognósticos que te fizeram à nascença.

Depois começaste a rastejar, parecias um soldadinho em treinos militares, e antes de gatinhares já estavas em pé, correndo como um pinguim desequilibrado. Um dia, enquanto imitávamos os sons dos animais, gritaste "a bola!", e depois chamaste pelo "cãummmmmmm", e só tempos mais tarde tivemos o privilégio de te ouvir chamar por nós: "mamã", "papá", as palavras mais doces que tínhamos escutado.

Uma escola e depois outra. As primeiras festinhas dos amigos, as festas da escola, tantas novidades! Educadores que viraram família e nos ensinaram a relaxar enquanto pais. Pessoas que assumiram a dura batalha de te dar sopas e de te fazer o desfralde quando a sanita ainda era um papão.

Muitos passeios, várias viagens, a certeza que não negas a tua paternidade e que serás sempre um excelente companheiro de aventuras.
E, afinal, não tens os olhos azuis do teu pai, nem castanhos como os meus. Tens os olhos verdes e sonhos só teus. Se os animais sempre foram a tua perdição, já o interesse pelo surfe tem demorado mais a chegar, mas aos poucos vais lá.
Não sei se vais ser veterinário, astronauta ou carteiro. Ainda estás indeciso, é natural... O que eu sei é que, sejam quais forem as tuas ambições, tenhas 6, 16 ou 66 anos, a mãe vai sempre, sempre estar aqui para te ajudar a concretizá-las... Ainda que, pelo meio, tenha que te dar uns valentes puxões de orelhas.
Pois, faz parte. Os ralhetes, as zangas, a frustração, tudo isso faz parte da árdua missão de educar, que uns dias nos deixa cansados e com a sensação de que estamos a fazer tudo mal, e noutros nos eleva a uns estado de quase levitação por um orgulho e amor transcendentes.

Tu não tens sido um miúdo fácil ou se calhar eu é que sou uma mãe complicada, mas uma coisa sabes que é garantido: o meu amor por ti, faças o que fizeres.
E é por isso que te perdoo de já ires fazer 6 anos, de teres dado corda à tua infância e a fazeres passar a mil à hora, quase sem me dar tempo de a aproveitar. Eu perdoo-te, mas não te largo. Sei que já não gostas de beijos à porta da escola, nem de abraços demorados, que te irritas de te tratar por "bebé", mas disso eu não abro mão. Temos pena, vingas-te na adolescência!

Parabéns meus Amor!

N.

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