24/02/2016

Aprender a brincar

O mercado está repleto de jogos didáticos e de atividades programadas para ajudar os nossos filhos a aprender brincando.
Sendo eu mãe de um rapaz, e sendo esse rapaz portador de um bicho carpinteiro de nível 3, é muito difícil convencê-lo a sentar-se e a concentrar-se em tarefas ou grandes explicações.
Na escola, sempre nos chamaram a atenção de que a sua capacidade de concentração era muito reduzida devido ao facto de ele só querer brincar.
Não ligámos muito aos 4 anos, até porque sempre tivemos ideia de lhe atrasar o ingresso no ensino básico, uma vez que ele só completaria os 6 em Dezembro mas, chegando ao final dos 5 anos sem grandes melhorias, começámos a preocupar-nos. Foi, sobretudo, quando a nova professora do meu filho sugeriu que poderia ter défice de atenção que achámos por bem consultar um psicólogo que lhe fizesse o despiste.
A psicóloga que o viu apurou que não havia patologia nenhuma a assinalar, que esta dificuldade de concentração não era mais do que uma consequência da sua prematuridade (por ter nascido às 30 semanas) e que acabará por se resolver com o tempo, embora devêssemos explorar com ele formas de lhe captar o interesse e de trabalhar a concentração.
Eu que tenho o trauma de ter sido sempre uma péssima aluna a matemática por ter tido um mau começo de aprendizagem e de não ter tido o devido apoio em casa, por isso assumi logo a tarefa como uma forma de exorcizar os meus fantasmas.
De que forma poderia eu ajudar o meu filho a ir melhor preparado para o ensino básico, respeitando o seu ritmo e a necessidade de brincar?
Ainda nas férias de verão começámos com os jogos de tabuleiro. Monopólio Junior para aprender 
as noções de compra e venda, preço e troco. Pictionary para treinar a expressão criativa. UNO, uma forma divertida para assimilar regras e perceber um jogo com várias dinâmicas. Peixinho (cartas normais) para conhecer os naipes e agrupar pares. E a lista de jogos continua...
Não sendo um jogo, descobri que as cadernetas de cromos também são ótimas para que as crianças 
aprendam a contar, percebam a relação entre os números, a ordem crescente e decrescente. Se a caderneta for didática, ainda melhor! O meu filho gosta especialmente da dos Animaizinhos, que lhe explica tudo sobre os animais, que ele adora. E ainda experimenta a arte de negociar.
Recentemente, comecei a introduzir pequenos jogos nos nossos passeios de fim de semana, do género caça ao tesouro, em que cada elemento encontrado vale x pontos, tipo "3 pontos para quem encontrar uma flor vermelha, 2 pontos para quem vir a letra 'E', 1 se encontrar um triângulo naquela pintura. No final, deve somar os pontos e calcular o seu resultado, podendo ou não haver um prémio simbólico.
A brincar a brincar, aprende a fazer contas enquanto trabalha a observação e a atenção.
Rebuçados e gomas também servem para ensinar a somar, subtrair e até multiplicar. E mesmo com 
os nossos disparates também podemos rimar!

Agora é o meu filho que me pede para jogarmos ao "caça pontos", e que me refresca a memória nas regras do UNO. E sei, sem qualquer dúvida, que o meu filho vai preparado para o 1º ano. 
Não porque sabe estas coisas, mas porque brincou tudo o que quis no momento em que mais precisou, e porque sabe que o poderá continuar a fazer, pois encontraremos sempre uma forma de aprender a brincar.

(N)



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