21/10/2015

Crescer dói

E, assim, do nada, a cria já frequenta o 1º ano do ensino básico há precisamente um mês.
Os primeiros tempos têm sido de adaptação constante a tudo e a todos. Muitas rotinas novas, horários
diferentes e, especialmente, pessoas diferentes.
O processo parecia relativamente fácil. Foi para um nova escola com o grande amigo Afonso, o que ajudou imenso.
Nos primeiros dias, arranjou uma nova amiga, a Vera. Esta e o Afonso foram, são, os seus pontos de abrigo.
O mês ia decorrendo e tinha necessidade emocional de acompanhar cada passo dela. Perceber como se estava a encaixar neste novo mundo. Tudo corria bem. Com algumas queixas de novas colegas….Mas, desvalorizando a questão e tentando sempre que a minha filha as resolvesse, pois pareciam-me menores.

Só que, de há uns dias para cá, todas as manhãs, dizia que não queria ir para a escola. No corredor, agarrava se à minha perna. Notava que não estava confortável. Havia ali algo...
Falava com ela, perguntava e nada lhe saía. “Tudo bem mamã, tudo bem só tenho é imensas saudades
tuas durante o dia. Só isso”, respondia.
Hum, por muito que a afirmação me aquecesse o coração… Havia algo mais.
No jantar, disse-me que chegou atrasada à sala de aula, depois do recreio. Como? Não ouviste o sino?
Cara de assustada. Calma bebé (sim será sempre a minha bebé com 40cm e menos de 1500kg quando nasceu… Outra história para depois). Não tocou, explicou a cria. Pronto são coisas que acontecem. “Não ouviste ninguém chamar?”. Também não.
E, num choro compulsivo, agarra-se a mim e diz que não quer ir para a escola.
“Alguém te ralhou por isso, bateu, chamou nomes? A fera que há em mim entrou em alerta, subiu ao
monte do Evereste só para a socorrer. Ai, tive vontade de pegar no carro e dirigir-me ao colégio. Bater em alguém.
No meu colinho, contou-me que a C. não era amiga dela, que algumas meninas ainda não brincavam
com ela, que isto, que aquilo. Afinal, a mudança foi mais dura do que parecia. A Nês vem de uma redoma, não sabe ainda lidar com a maior parte das questões que envolvem o crescimento, a mudança
Questões essas até muito simples, práticas. Não sabe lidar com a frustração, com a rejeição...
No infantário, extremamente familiar, todos eram amigos e não havia distinções ou conflitos. Era tudo tão perfeito (seja lá o que isso quer dizer, mas para a minha filha e a sua hipersensibilidade funcionava).

A Nês saiu da redoma. E, agora, vai de, alguma forma, crescer um pouco mais depressa. Da redoma para o mundo. E tem sido um mundo novo, consideravelmente fácil para mim, que sou crescida. Não para ela.
Crescer dói... Filha ,crescer dói!
Faço-te uma simples promessa….Eu estarei sempre na retaguarda, à tua esquerda, à direita, atrás e à frente para te minimizar a dor.

Xana

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